Algo que sempre me intrigou é o fascínio que as mulheres têm por flores. Mas não aquelas fixas
em seus caules, sustentadas pela terra, pela chuva e pela luz do sol. São outras, embrulhadas em buquês, com laços coloridos,
cheias de brilhos e com gotículas de água borrifadas sobre suas sensíveis pétalas. Ou solitárias, arrancadas do seu ramo e ofertadas a ela de
surpresa.
Um homem poderia suprir o desejo da mulher de ter
flores ao plantar algumas espécies
em seu quintal ou comprar algumas plantadas em jarros e dar a ela para efeitar
o ambiente do lar, mas isso não a
satisfaria porque, na verdade, não é isso o que ela quer. Não que elas não ficariam felizes de andar pelo quintal
multicolorido e aromatizado, ou de escolher o local que mais combine com aquele
arranjo de flores. Mas não é esse o seu anseio, não é a
presença
da flor que a faria mais feliz.
Eis então o
grande enigma para nós
do gênero
masculino. Nós
que olhamos as coisas de forma prática
e objetiva, que acreditamos estar agradando pela lógica que não se aplica neste caso. A simbiose entre a
mulher e a flor encontra-se no campo mais profundo da natureza feminina, na sua
essência
que a torna tão
especial ao homem, mesmo que ele não
se aperceba disso. A flor é
delicada, precisa de cuidado, de atenção.
E quando retirada da sua fonte natural de energia, perde rapidamente a sua
beleza e o seu aroma apaixonante. Neste caso, instintiva e metaforicamente a
mulher que ama espera ser correspondida,e a flor que recebe simboliza a
materialização
de um sentimento dedicado exclusivamente a ela.
E por quê
recebê-las
de tempos em tempos? Pela mesma razão, é claro! O amor se renova no gesto, na doação de algo tão forte e tão frágil
ao mesmo tempo. Ela, a flor, só
mantém
sua beleza quando é
renovada. Neste caso, não é aquela flor específica, mas o que a flor representa em si.
Para o homem, carregar um buquê,
ou uma flor solitária
- não
importa - não é algo tão simples assim, há um certo constrangimento que é vencido pelo prazer de agradar a mulher
amada. Ele precisa romper a barreira da sua natureza racionalmente lógica para entrar no campo da sensibilidade
que um simples gesto pode proporcionar. Ele se desarma e a mulher amada se
sente feliz por tudo isso. Ele a presenteia com a materialização dos seus sentimentos, pela beleza, pela
fragrância,
pela delicadeza, que são
apaixonantes.
Então,
quando as mulheres recebem flores recebem muito mais, por isso é que elas são tão
especiais.
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 24 de julho de 2014