segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Batel sem mar

 


Meu amigo, como dói

Ver você encalhado sobre incontáveis grãos,

Onde o mar tão imenso te destrói

Em ondas infinitas de sentimentos vãos.

 

Agora esquecido e abandonado,

Chora silencioso sobre seus restos mortais

Que nada valem em seu soturno fado

Das saudosas viagens imemoriais.

 

Meu velho tronco hoje sem forma,

Penso no seu grande valor de outrora

E na criatura desalmada e erma

Que te deixou aí um dia e foi embora.

 

Carlos Bianchi de Oliveira

Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2020.