sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Maturidade
Não me leia com tanta pressa assim,
Tenho tanto a te dizer,
Falar desse meu silêncio há tempos enigmático.
Talvez você se veja em mim
Como um reflexo distorcido,
E nem se importe, talvez.
Ou faça um esforço para entender
O que eu mesmo não compreendo,
Como raiz que se aprofunda sedenta
Em busca de um fio fluido de sobrevivência.
Mas isso não importa agora
Que estou desarmado e sem medo
De qualquer julgamento precipitado.
Por isso, não se trata de um desabafo,
De algum desvario ou incredulidade.
Não é uma retratação por penitência
Descortinar a minha essência efêmera.
Nestes passos cansados e moribundos
Aprendi a ser discreto,
A guardar fugazes segredos
E saber que era uma irônica vaidade.
Fui infantil quando pensei ser maduro
E senil quando criança.
Deixei escapar meus tesouros
Quando aprisionei esperanças.
Então vieram os segundos, minutos, horas, dias e anos,
Com suas falsas certezas
E seus concretos enganos.
Chamamos isso de aprendizado.
Será de fato possível dizer que sabemos,
Se ao olharmos para o horizonte ele nos parece eterno?
E nossas antigas pegadas esmaecem até ficarem apagadas?
Tola percepção da ingênua maturidade!
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 14 de julho de 2017.
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