As primeiras páginas não escrevemos,
Outros fazem isso por nós.
Por não termos sequer voz,
Frágeis e dependentes é o que somos.
Mas o tempo segue seu curso,
E assumimos a escrita em dado momento,
Certos de certezas incertas no uso
Da vela que se abre ao poderoso vento.
Por fim, a história é construída
Com pontos, vírgulas e interrogações,
Edificando as laudas da vida
Para chegar ao nosso derradeiro destino,
Cheio de reticências, lacunas, monções,
O sono profundo de um velho menino.
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2020.