quarta-feira, 10 de novembro de 2021
O Regresso
quarta-feira, 6 de outubro de 2021
O Grão
sexta-feira, 1 de outubro de 2021
Quando Chegar
Falarei das flores
Quando tu fores para longe de mim.
Falarei das pedras
Quanto teu amor chegar ao fim.
Falarei dos cantos
Quando tua surdez já não me ouvir.
Falarei da paz
Quando tua luta não tiver mais porvir.
Falarei de ti
Quando a solidão me roubar a tua presença.
Falarei do amor
Quando negares em ti a crença.
São José dos Campos, 01 de outubro de 2021.
Carlos Bianchi de Oliveira
Caminhante
Caminhei a esmo
Mesmo ser ter sentido.
Meus passos eram divagações,
Nada se conectava nesse caminhar sem sons.
Ainda assim, senti uma certa liberdade
De andar sem destino e pensar sem lide.
Só que essa faina não se sustenta,
Porque não se caminha assim como venta.
Há o retorno à razão consciente,
E a volta ao tempo presente.
São apenas devaneios saudáveis
Da consciência a brincar nas nuvens.
São José dos Campos, 01 de outubro de 2021.
Carlos Bianchi de Oliveira
sábado, 31 de julho de 2021
Amor de Pai
Quando chega a noite mais escura,
E ela sempre vem.
Quando tudo que há de valor se perde
E o vazio não faz bem,
Ali está a sua mão estendida.
Quando reconhecemos que nada somos
Mas o sofrimento nos maltrata mesmo assim.
Quando a vida vira um peso e uma incerteza,
E o silêncio é um clarim,
Sua voz nos acalma.
Quando a dor rouba de nós a razão,
E ela tem esse poder.
Quando nada mais faz sentido,
E o tempo começa a correr,
Seu amor cura nossas feridas.
Pai,
Seu olhar atento nos acalenta.
Sua presença nos fortalece.
Seu poder nos levanta.
Seu amor nos enaltece.
Quem somos nós para que nos ouça?
Neste vasto universo, nosso pulsar não faz diferença.
Nosso planeta sem nós sempre vai existir.
Mesmo assim, nos enche de amor e esperança,
Como filhos que pertencem a ti.
Rio de Janeiro, 29 de julho de 2021.
Carlos Bianchi de Oliveira
terça-feira, 30 de março de 2021
Garimpeiro
Procuro palavras,
Palavras que não conheço,
Palavras mortas, esquecidas,
Palavras ainda sem começo,
Palavras nunca ditas.
Procuro palavras
No vasto oceano,
No profundo da terra,
No espaço desumano,
No pico da serra.
Procuro palavras
Como um louco,
Com mãos calejadas,
Com vigor parco
E íris cansadas.
Procuro palavras,
Palavras que me deem sentido,
Palavras que digam o que sinto,
Palavras que sarem o corpo ferido,
Palavras que exalem instinto.
Procuro palavras,
Palavras que exaltem a vida,
Palavras eternas,
Palavras que abrandem a lida,
Palavras maternas.
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 30 de março de 2021.
quarta-feira, 10 de março de 2021
Meio
Eu sou de junho,
Nem começo nem fim,
Projeto transitório, inacabado,
Longe e perto mesmo assim,
Passado e futuro lado a lado.
Eu sou de junho,
Nem nascente nem poente,
No curso entre a cabeceira e a foz,
Equinócio e solstício do que se sente
Entre o som e o calar da voz.
Eu sou de junho,
Nem partida nem chegada,
Reticências entre o dito e o não dito,
Algo entre o tudo e o nada
Em permanente movimento.
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 08 de março de 2021.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
Memórias Soliárias
Em fogo brando
Queimam lentamente as lembranças,
Viram cinzas espalhadas pelo vento
Feito folguedos de tenras crianças.
Resta o olhar perdido e solitário,
Ausente dos ponteiros em movimento,
Distante como tela sem vida em tecido tinto,
Esquecido como objeto no fundo do armário.
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 04 de fevereiro de 2021.