quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Humano



Sou um corpo que vaga no imenso vazio
E que cai no copo deste oceano,
Uma luz que brilha no escuro arredio
E se apaga na fluidez líquida do engano.

Por isso, não chore em mim suas mágoas,
Não faça de mim o seu caminho.
Não sou Deus para secar suas águas,
Sou um moribundo que vaga sozinho.

Não acredite em minhas palavras.
Não se alimente de minhas promessas.
Sou o nada que afunda sobre o nada,
Sou uma estrada surda e abandonada.

Por isso, não acredite em minhas chagas,
Não curarei o mal que te atormenta.
Não sou o santo que te livrará das pragas:
Sou matéria, o pó que se levanta quando venta.

Meus sonhos jazem neste corpo frio,                          
Meu futuro, como o seu, também é sombrio.

Carlos Bianchi de Oliveira
21 de fevereiro de 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário