O relógio parou de
repente.
Sem explicações, sem
palavras, calou-se.
Senti naquele momento que eu era um indigente
Órfão da vida, vulnerável, perdido em
si.
Meu olhar distante e reflexivo
Continha a dor vulcânica do medo
Que a solidão impõe de modo expressivo
A consumir a alma ainda tão cedo.
Não havia respostas, nenhum mísero consolo,
Apenas aquele quarto escuro, inerte,
A esconder a face oculta de um tolo,
A fazê-lo em vida
experimentar um pouco da morte.
Uma última imagem a
entorpecer a razão distraída.
Estática lembrança, quase que
instantânea,
De que para certos traumas não há saída:
O último índio da última aldeia.
Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 04 de junho de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário