quinta-feira, 5 de junho de 2014

Eterno Instante




O relógio parou de repente.
Sem explicações, sem palavras, calou-se.
Senti naquele momento que eu era um indigente
Órfão da vida, vulnerável, perdido em si.

Meu olhar distante e reflexivo
Continha a dor vulcânica do medo
Que a solidão impõe de modo expressivo
A consumir a alma ainda tão cedo.

Não havia respostas, nenhum mísero consolo,
Apenas aquele quarto escuro, inerte,
A esconder a face oculta de um tolo,
A fazê-lo em vida experimentar um pouco da morte.

Uma última imagem a entorpecer a razão distraída.
Estática lembrança, quase que instantânea,
De que para certos traumas não há saída:
O último índio da última aldeia.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 04 de junho de 2014

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