segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Há Tempos

Há tempos que o estar  só me incomoda,
Que a ausência de mim me furta o prazer
Dos momentos vividos de lembranças soltas,
Sensoriais, de uma vida estranhamente vivida
Pela falta de certas respostas certas
Fazendo do meu ser um não ser.

Há tempos não encontro aquele menino,
Não sei onde se escondeu nem por quê,
E tenho saudades em lágrimas ocultas
Dos herois vividos, do silêncio eterno
A contemplar as estrelas em noites vastas
Rumo ao infinito desconhecido da psique.

Há tempos me perco pelo caminho de mim
Ao olhar para trás e não encontrar o passado
E ao me virar para frente e não enxergar o futuro.
E sigo cultivando resolutamente este jardim
Na esperança de ver brotar a mais bela flor de doce cheiro
Neste peito que pulsa loucamente descompassado.

A flor capaz de unir história e memória,
Para poder dizer a mim mesmo o que e o quanto vivi.

Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2016.

2 comentários:

  1. Me identifiquei com algumas partes de seu texto. Muito bonito! Me impressiona o poder anestésico que as palavras exercem em mãos como as suas. Parabéns pelo trabalho!

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