quinta-feira, 14 de março de 2013

Pulsão Poética


Às vezes, pergunto-me por que insisto em escrever
Se não há quem se interesse em ler,
Se não deixam marcas estas líricas parcas
Que arrancam sempre um pedaço de mim,
Como a dor de Prometeu que nunca tem fim.

Se sofro, por que ainda assim componho?
Parece uma tormenta, algo sinistro, medonho,
Como o náufrago que pede socorro vago
No meio do oceano árido de humana vida,
Sendo a própria voz a única por ele ouvida.

Então, em fuga, busco meu isolamento,
Em cárcere, mantenho reprimido meu pranto,
Minha maldita e incompreensível lucidez que grita,
Clama, berra, implora para voltar à luz
Na poética inspiração que a vida produz.

Num dado momento sinestésico de sublimação provocada,
Fraco, liberto as palavras como pássaros em revoada,
E contemplo o que se faz matéria da profusão etérea
De sentimentos inacabados de um pobre moribundo,
Condenado a ser poeta para si mesmo neste vasto mundo.


Carlos Bianchi de Oliveira
Rio de Janeiro, 12 de março de 2013

2 comentários:

  1. Parabéns... Lindo!

    Somos sempre nossos primeiros leitores. E como é fundamental tomarmos um tempo para compor para nós mesmos.

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  2. Kelly,

    Obrigado por seu comentário, que me motivou a continuar seguindo o caminho da arte de escrever para tentar descrever o que sentimos no íntimo.

    Um grande abraço.

    Carlos

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